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sábado, 15 de junho de 2013

Sinto a garganta amargar e os olhos arderem e logo me lembro, Ah, a hora de chorar. São as tristezas repentinas sem motivo algum ou com todos os motivos do mundo. Sofro pela África e pelo dedinho do pé que bati essa manhã na mesinha. Choro pelo meu primeiro amor e pela minha cachorrinha que perdeu os filhotes. Me sinto triste por não amar todas as pessoas e também choro por ser tão indelicada com a vida. Choro por não conseguir ter paciência e por achar todas as pessoas do mundo idiotas e choro também por não conseguir ser idiota como elas e viver como elas. Choro sem porque e com todos os porquês. Minhas lágrimas se revezam com as borboletas que insistem em viver no meu estômago. Já me apeguei aos dois, fazem parte de mim e quando não estou triste há muito tempo, vivo com medo da tristeza vir e eu não estar preparada. Estou sempre preparada pra dor no avião, nas músicas românticas e nas felizes também. Minha tristeza está sempre por ali estampada em cada cantinho dos meus dias. Dias esses, que vivo um atrás do outro na esperança de que minha tristeza se acabe ou chegue de uma vez.

Viver pra sempre esperando a tristeza é tão cruel quanto terminar um relacionamento longo todos os dias.

O que foi bom

E todos os dias eu sinto saudade de casa. Não dá minha casa de hoje, mas da casa que um dia foi família, que tinha cheiro de domingo com jornal e queijo quente, das brigas pra arrumar o quarto, saudades da atenção e do cuidado. Ah o cuidado... não chega tarde, leva casaco, quem vai? Filha, acho melhor você não ir, estou com mau pressentimento, trás sua amiga aqui pra eu conhecer e ver se é boa pessoa.

Naquela casa eu aprendi coisas que nem sempre ponho em prática, por puro desleixo, porque no fundo eu sei que aquela é a melhor forma de se viver e fazer viver. Conheça sempre a família dos seus amigos e namorados, só assim você vai saber se são realmente o que elas mostram ser. Pessoas com muitos amigos não são tão confiáveis, todo mundo tem um melhor amigo e seu segredo pode não estar tão bem guardado. Cuide do seu quarto e o mantenha sempre organizado isso vai fazer com que você jao perca muito tempo procurando as coisas.

Naquela casa tinha tanta alegria aos sábados de festa. Todos juntos fazendo o jantar e todos juntos limpando depois. Tinha brigas e reconciliações e enterro dos ossos aos domingos. Tinha vizinhos-parentes e parentes-vizinhos. Tinha café da tarde e conversas altas. Primos corrrendo juntos com os cachorros de estimação. Tinha tudo que uma família de verdade tem e me pego sentindo falta dela todos os dias. Vejo outras famílias, mas a minha era melhor porque era minha.

Agora, só restou eu e esse imenso baú de lembranças boas e de saudades, e de apego, e de Carinhos e conselhos maternos. Comitiva pra ajudar na tarefa de casa, festa com cada nota boa da escola e comoção geral por uma nota ruim. Sinto falta de tudo isso e sofro. Sei que nunca será igual. Era a minha família perfeita com seus defeitos e eu amava todos eles, mas as outras tem sim suas belezas mas nunca será comparada à mágica da minha. Nas outras há fofocas, brigas e rancor pelos cantos, algumas alegrias, mas nem sempre tão compartilhadas e em nenhuma delas encontro meu amor e minha alegria infantil que ficou lá, na minha enorme e perfeita família perdida.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Borboletas e medos e achos

É um frio na barriga, como se houvessem milhões de borboletas, mas como a sensação neste caso é ruim, eu penso como se fossem besouros, ou qualquer inseto que voa insistentemente, e não param nunca. Só quando eu durmo, às vezes quando como. Engraçado, parece fome, aquela fome que dá de repente, fome de doce, mas eu sei que se eu comer um doce não vai adiantar. Ou será que serve? Vou comer um pra ver se resolve. Paro em uma barraquinha e compro 3 barras de chocolate. "Deve servir, se não, não era fome.
Como uma das barrinhas e a sensação logo volta, tento comer o outro e os insetinhos continuam voando, não era fome, talvez um salgado... Era tensão, nervosismo. Essas coisas não saem de mim por nada.

Como quando perdemos um grande amor, quando sofremos por alguém que não veio, ou como quando vemos aquele alguém que faz nosso coração disparar e as pernas tremerem.
Mas nada disso está acontecendo agora. Tenho essa sensação a todo o tempo. Será que estou sempre ansiosa? Também pode ser medo.
É. Eu tenho medo de muitas coisas, de ter alguém me seguindo, de cair na rua. Também tenho medos mais complexos, medo de tomar decisões erradas, medo de fugir, medo de ficar aqui pra sempre.

Pode ser medo também. Nesses poucos anos de existência, esses besouros/borboletas nunca saíram de mim. Talvez eles realmente existam, uma forma evoluída de vermes. Droga, estou ficando com medo disso também, mutações genéticas no meu corpo.
Tenho um medo maior que todos, de que ninguém me compreenda nunca. A pior coisa seria se nem meu psicólogo me entendesse e acho, sinceramente que eles não me entendem, e acho também que esse não é o trabalho deles, afinal, qual o trabalho deles?

Dá pra perceber? Penso em muitas coisas, boas, ruins, ótimas. Tenho ideias furtivas e vontades exageradas. Me empolgo para uma coisa no máximo, por uma semana, depois enjoo. É, acho que não posso fazer planos a longo prazo.
Principalmente por causa dessa sensação no meu estômago, essas borboletas, ou insetos, ou não sei.
Acho que não, acho que eles fazem parte de quem eu sou, fazem parte do meu medo e das minhas alegrias repentinas e das vontades furtivas e obsoletas.

Às vezes, eu acho que eu acho muito, sobre tudo, e é por achar tanto que nunca consigo me empolgar por muito tempo, começo a achar que pode dar errado, ou que não era a opção certa, daí vem o medo, o medo de nunca conseguir arrumar as coisas, o medo de não ser, o medo dessas malditas borboletas nunca saírem de mim e o medo delas saírem de mim um dia.

É tanto medo, tanta borboleta, tanto acho e nada encontro.